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Trekking nos Lençóis Maranhenses

Trekking nos Lençóis Maranhenses, a experiência que refresca a alma

 

É comum as pessoas perguntarem: qual o melhor passeio para conhecer o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses? E essa é uma pergunta que a resposta não é exata, pois depende do perfil do turista, da disponibilidade de tempo, objetivo do passeio, entre outros fatores.

Há 11 anos frequento a região de Atins Maranhão, que pude conhecer graças ao Kitesurf, e durante esse período tive o prazer de experimentar boa parte dos passeios oferecidos na região, assim como desbravar outros que somente os "caiçaras" (nativos da região) podem apresentar. Apesar de conhecer bem o vilarejo de Atins, ainda não conhecia os lençóis maranhenses com a profundidade que esse local merece. Buscava algo da forma mais natural possível e sem pressa. Precisava fazer o trekking.

Primeiramente contactei um guia com experiência na região (@nonato_atinsguia_de_trekking) e planejamos o roteiro de acordo com minha disponibilidade de tempo. Decidi que realizaria a travessia no mês de julho, partindo de Atins com destino a Santo Amaro no Maranhão.

 

Planejamento

Na verdade, tentei não me planejar tanto, tinha em mente que gostaria de viver a experiência sem pressa. Meu objetivo não era chegar ao ponto final e sim aproveitar ao máximo para conhecer cada detalhe dos lençóis maranhenses, os segredos das dunas e lagoas, refletir sobre a vida e depois compartilhar essa experiência com vocês  =)

Durante o planejamento algumas dúvidas rondavam minha cabeça. Compartilho com vocês o meu ponto de vista sobre essas curisiodades.

 

É preciso comprar equipamentos específicos para fazer a travessia?  

A resposta é nao. Aliás, adquiri uma camisa manga comprida UV e um chapéu com protetor de pescoço/nuca (custou 10 reais no centro comercial). Os demais itens que levei foram: uma mochila de trilha (marca Quechua - 30 litros), óculos de sol, protetor solar, protetor labial e uma sandália havaiana. Sobre as roupas, levei 02 bermudas e 02 camisetas (dica 1: ao chegar na sua hospedagem, lave sua roupa. Dica 2: quanto menos peso na mochila, melhor)

 

Tenho medo de passar fome e sede. Há esse risco?

A experiência que tive foi muita tranquila nesse quesito. A recomendação do guia: levar frutas que não estragam e uma média de consumo de 03 a 4 frutas por dia de caminhada (levei 04 maçãs, 04 tanjas e 04 bananas). Além das frutas, também levei barras de cerais e um mix de cereais. Sobre a água mineral, levei 01 garrafa de 01 litro e 01 garrafa de 500 ml. Durante todos os dias de caminhada repeti a dosagem de água e deu super certo (1,5l de água por dia de caminhada). Lembrando que nas casas dos moradores temos a opção de adquirir água para reabastecer.

 

Para fazer essa travessia é preciso uma preparação física intensa?

Afirmo que quanto mais preparado fisicamente, melhor será sua caminhada. Quem me conhece sabe que não sou o perfil de pessoa com porte físico de atleta. No meu caso, iniciei um treino simples de aeróbico (caminhadas, pedaladas) e musculação durante 03 meses a fim de melhorar o condicionamento. Durante o segundo dia senti uma dor muscular em uma das panturrilhas e claramente era cansaço muscular. Por isso, cuidar da saúde nunca é demais. Uma preparação física é recomendável e levar relaxante muscular também é válido.

 

O passeio

 

Trekking dia 1 - Cachoeira do Bonzinho até Baixa Grande (17 km)

Como falei inicialmente, meu objetivo era curtir ao máximo o trajeto e por isso, tomamos uma decisão de iniciar o primeiro dia a 01h da madrugada. Por que isso? Pensem comigo, eu estava sem pressa, a noite era de céu estrelado, zero nuvem, lua crescente e meu super guia falou "tu vai te amarrar. É massa!"

Tomamos um carro em Atins até a cachoeira do Bonzinho num trajeto de aproximadamente 30 minutos e partimos daquele ponto. Inicialmente meu sentimento eram as preocupações das perguntas (fome, sede, cansaço, peso da mochila...), mas aos poucos fui ajustando o passo, colocando o ritmo adequado, conversando com o guia sobre as curiosidades do trekking, e em 20 minutos comecei a perceber que estava no meio de uma experiência incrível na natureza.

Tive a sensação que a caminhada a noite flui mais rápida, talvez por não termos tanta visibilidade das paisagens ou por ter um céu tão estrelado que nos ajuda a entrar em êxtase com aquele momento. Após 1h30 de caminhada paramos para um lanche e aproveitei para apreciar o céu em uma duna bem alta. Fiquei ali por 30 minutos e por incrível que pareça, dormi. Isso mesmo, dormi no meio da areia com a mochila apoiando minha cabeça. Agora me respondam: quando eu teria a oportunidade de dormir as 3h da madrugada no meio dos Lençóis Maranhenses? Coisas do trekking! 40 minutos após o cochilo, o guia me indicou que deveríamos chegar a uma determinada duna, pois as 05h20 poderíamos assistir o nascer do sol. Parabéns ao Nonato! Que momento mágico é o nascer desse sol. Um mix de cores laranja, amarelo, cinza com pontos brancos das estrelas num horizonte infinito. Salva de palmas para essa escultura da natureza!

 

Pelas contas do guia, já haviamos caminhado praticamente a metade dos 17 km e até umas 9h da manhã chegaríamos a Baixa Grande.  A continuidade da caminhada com as primeiras luzes do dia é energizante com a presença de gaivotas para nos saudar, lagoas e um deserto infinito de dunas com areias brancas e finas. O curioso é que no meio do nada surge uma vegetação rasteira com arbustos e alagados, é o sinal que estamos chegando a Baixa Grande.

A estadia se deu na casa de dona Loza, figura amável que reside na região há anos e tem uma boa estrutura de quartos e varanda com redes para receber turistas do mundo inteiro. Nossa recepção foi com chuveiro a céu aberto, café da manhã com ovo de galinha caipira, tapioca e uma café bem quentinho. Tive o prazer de passar o dia com a família da dona Loza e ouvir os "causos" de alguém que poderia escrever um livro sobre sua vida feliz naquele local. No final da tarde, sua família preparou uma fogueira para assar castanhas de caju acompanhada da tiquira (cachaça tradicional de mandioca) com um lindo do pôr do sol ao fundo.

 

Pela noite nos preparamos para dormir cedo, pois nossa caminhada recomeçaria as 04h da manhã. Dormimos em uma rede na varanda bem confortável e tranquila.

 

Trekking dia 2 - Baixa Grande até Queimada dos Britos (12 km)

04h da manhã e o guia já acelerou o passo rumo a Queimada dos Britos. O caminho era menor que o primeiro dia, por isso fizemos algumas paradas para registrar fotos e curtir o cenário. Durante a caminhada entendi o motivo dos órgãos ambientais não permitirem o acesso de veículos motorizados em alguns pontos do parque nacional, pois é muito comum ninhos de gaivotas e outros pássaros nas areais das dunas, assim como a presença da tartagura pininga.


Há um mix de paisagens durante essa parte da caminhada. Lagoas com águas com coloração laranja na beira e azul no meio, galhos de árvores que provavelmente foram engolidas pelas areais que se movimentaram ao longo dos anos, e a linda lagoa do Piador. Pausa para curtir essa lagoa. Imensa, profunda, verde, azul, quente, tudo que se pode pensar que representa a perfeição da obra de Deus. Ficamos ali por quase 1h30 apreciando a lagoa.

A chegada ao destino final se deu por volta das 9h30 e nos hospedamos na casa do Sr Bargado, pescador e líder de sua família. O oásis Queimada dos Britos leva esse nome pois seu primeiro morador chamava Manuel Brito. Hoje todos os moradores do oásis levam o sobrenome Brito e é um local que merece a visita pela sua singularidade, belezas naturais e conversas com os nativos da região.

Durante a noite pude conversar por horas com alguns moradores que vinham de uma pescaria e trouxeram aproximadamente 30 kg de peixe do mar que fica a 02 horas de distância a pé. O que mais gostei de queimada dos britos? Da rede debaixo de uma árvore na beira do rio que passa ao fundo da casa do Sr Bargado  =)

 

Trekking dia 3 - Queimada dos Britos até Lagoa do Junco (16 km)

Estava muito animado para saber quais surpresas teriam no ultima parte da viagem, pois diziam que as lagoas mais bonitas se concentram na região próximo a Santo Amaro. Saímos as 03h30 da manhã para uma caminhada de duração prevista de 6 a 7 horas. Em todos esses dias passei a valorizar o nascer do sol tanto quanto o pôr do sol, e mais uma vez, após 1h30 de caminhada nos deparamos com uma nascer do sol do alto de uma duna se misturando a com a vegetaçao do oásis. Memorável!

A quantidade de lagoas nessa terceira parte do trajeto é realmente impressionante. Há dunas com formatos de coração, lua, paisagens para todos os tipos e gostos. Paramos para tomar um café as 06h30 na beira de uma lagoa e ali decidir nadar por um tempo para relaxar e curtir ao máximo as horas restantes até a chegada na lagoa do junco em Santo Amaro. É incansável caminhar no meio de tanta beleza.

Por volta das 09h40 avistamos nossa linda lagoa do Junco. Não poderia haver local melhor para concluir essa viagem. A lagoa é explendida, pois sua agua é verde, e ao mergulhar é límpida e transparente. O caribe brasileiro de lagoas.

É hora de se despedir desse cenário e agradecer por ter a oportunidade de estar compartilhando essa experiência.

 

 

Minhas principais dicas para usufruir ao máximo dessa experiência:

. Não se preocupe com o tempo, pois o melhor de tudo é curtir o caminho. Por que chegar logo?

. A areia não é quente, logo você pode fazer o passeio a pé sentindo a areia

. Nos oásis, dentro Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, onde dormimos as pessoas são amáveis. Invista tempo para conhecer suas histórias

. O super guia Nonato fez toda diferença ao indicar as melhores lagoas, pontos de parada, hospedagem. Busquem um bom guia

. Aproveite o momento para refletir sobre a vida, replanejar, fazer um balanço da sua vida. Refresque a mente!

. Partir de Atins é mais interessante, pois o percurso vai ficando mais bonito a medida que se aproxima de Santo Amaro. Além disso, é uma caminhada a favor do vento.

. As lagoas cheias moldam um cenário que vale a pena, por isso é importante aproveitar o período adequado (Maio até Setembro).

 

Se jogue e aproveite!

Saulo Prazeres

dez/2020

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